A Torre

Medo e apreensões, geralmente, acompanham o aparecimento do Arcano XVI, a Torre, e a razão é o apego a tudo e a todos. Cada vez que alguma coisa ameaça a normalidade dos acontecimentos, processa-se uma manifestação de resistência no momento em que se deveria deixar quebrar seja lá o que for e é justo essa resistência, que motiva a desestruturação que tanto tememos. A intensidade do sofrimento ou dificuldade que ela acarreta é medida pelo nível de desapego ou pela capacidade de suportar as perdas.
Os destroços resultantes são, por vezes, dolorosos, porém necessários, a fim de reconstruirmos internamente algo que teve que ser demolido, não por obra da fatalidade, mas do encontro do ser. consigo mesmo que já não agüenta mais uma estrutura falida provocada pela etapa anterior, a do Arcano XV, onde prevaleceram o orgulho, a vaidade e a presunção.
Pode-se estabelecer um elo de ligação entre os Arcanos VII e XVI pela soma dos dígitos deste último (16=1+6=7). No Carro percebe-se o desenvolvimento da força e da coragem, enquanto na Torre essas potências estão contidas e sufocadas, a ponto de explodir. É necessário deixar ruir, derrubar conceitos e preconceitos para nos sentirmos novamente livres, como no Arcano VII.
Com sensibilidade e percepção podem-se transformar momentos de crise em fases de libertação e crescimento em todos os níveis.

Descrição da carta

O castelo é o símbolo da fantasia que abriga nossos sonhos de juventude, de romantismo, de status, de poder e riqueza. Quantos de nós, eventualmente, já não desenvolvemos uma ou todas estas aspirações?
Os ideais não podem ser pautados na soberba, na ganância (influência da carta XV) ou em qualquer idéia de grandeza. Tais atitudes desencadeiam os trovões da própria consciência e a força destes fazem ruir qualquer ideal que não tenha por base a integridade pessoal e a humildade.
Igual criança inocente perdemo-nos em construções oníricas sem nos preocuparmos em estabelecer bases mais sólidas. Edificamos nossos sonhos como castelos de areia, onde a fragilidade causa desmoronamentos, dor e decepção, exclusivamente porque nos falta o necessário preparo para enfrentar as demolições.
Castelos e torres têm sido literalmente usados no decorrer dos séculos como prisões mas o sentido de aprisionamento é mais profundo quando se trata de uma prisão interior, aquela que nos impede de ver o próprio eu, que nos impede de soltar as amarras escondidas nos valores materiais, mentais ou emocionais.
Ao Arcano XVI corresponde à letra hebraica AIN. Destruição, mudança, debilidade. Pertence ao grupo das doze letras simples.
Na mitologia grega, Posseidon, deus dos terremotos e das profundezas dos mares, é o representante do Arcano XVI, atuando como um estrondo que vem do mar invadindo e destruindo a terra até que nada mais permaneça de pé.

Palavras chave

Ciúme, inveja, traição, perda de emprego, acidentes, perda de dinheiro, destruição do ego, quebra do orgulho, das ilusões, desequilíbrio, parto, dor.

Lição da Torre

A pior prisão é aquela que nos impede de ver o próprio eu.

Meditação

Libertação através da destruição.